sábado, 31 de dezembro de 2011

2º DOMINGO COMUM - ANO B



Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Jo 1,35-42

“O que é que vocês estão procurando?”

Oração do dia
Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (João 1,35-42)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
1,35 No dia seguinte, estava lá João outra vez com dois dos seus discípulos.
36 E, avistando Jesus que ia passando, disse: “Eis o Cordeiro de Deus”.
37 Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus.
38 Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais?” Disseram-lhe: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?”
39 Vinde e vede, respondeu-lhes ele. Foram aonde ele morava e ficaram com ele aquele dia. Era cerca da hora décima.
40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que o tinham seguido.
41 Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: “Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo)”.
42 Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: “Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)”.
Palavra da Salvação.

Comentário

O autor do Quarto Evangelho organizou o material dos versículos de 1,19-2,12 num esquema de sete dias, culminando com o primeiro sinal de Jesus - as bodas de Caná - que teve como consequência que “os seus discípulos creram n’Ele” (2,11). Assim fez lembrar os sete dias da criação, pois com e em Jesus acontece a nova criação.

Mas, Jesus não quis agir sozinho - e desde o início chamou para si um grupo de seguidores. Embora seja mais conhecido o relato dos Sinóticos, que descreve o chamado dos primeiros discípulos à beira do mar de Galiléia (Mc 1,16-20), talvez o relato do Quarto Evangelho guarde uma tradição mais histórica - que os primeiros discípulos de Jesus eram seguidores de João, o Batista.

O texto de hoje relata a vocação dos primeiros três discípulos - André, um discípulo anônimo (o Discípulo Amado?) e Simão Pedro. O chamado dos primeiros discípulos nos apresenta um retrato de vocação, válido para todos os tempos e todas as pessoas. A primeira pergunta que Jesus fez é fundamental - “o que é que vocês procuram?” São as primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João. Uma pergunta muito importante para todos nós hoje - o que é que nós procuramos na vida? O que é o mais importante para nós? Onde procuramos a nossa felicidade e realização? Não é uma pergunta meramente teórica - é a base da nossa vivência. Essa pergunta nos interroga, como interrogou os primeiros discípulos, sobre a busca que dá sentido à nossa vida.

A resposta dos dois: “Mestre, onde moras?”, mostra que eles queriam criar comunhão com Jesus - e Ele lhes lança um desafio com o convite - “Venham e vejam”! Em João, “ver” tem o sentido de “crer” (Jo 6,40). Não se trata simplesmente de conhecer o endereço d’Ele, mas algo muito mais profundo - descobrir quem é Jesus, descobrir que Ele veio do Pai e volta para o Pai. Ambos escolhem unir as suas vidas e os seus destinos a Jesus, pois “ficaram com Ele”. Não é possível ser discípulo de Jesus sem que demos tempo para ficarmos com Ele - na oração, na reflexão, na leitura da sua palavra.
Mas, para que sejamos discípulos/as não basta conhecer Jesus de uma maneira intimista e individualista. Logo André procura partilhar a sua descoberta, fazendo com que o seu próprio irmão chegue a conhecer Jesus. Hoje também é fundamental que os cristãos testemunhem Jesus, para que outros possam crer n’Ele - e esse testemunho é dado muito mais pela nossa maneira de viver e agir do que com as nossas palavras.
O terceiro discípulo do texto é Simão, que ganha o novo nome de “Pedro” - mudar o nome de uma pessoa na Bíblia muitas vezes significa uma nova identidade, uma nova vocação (Abrão, Jacó, Sarai etc). Pedro vai dar muitas cabeçadas antes de descobrir a sua verdadeira identidade. Aliás, só a encontra no fim do Evangelho em Capítulo 21 quando confessa o seu amor incondicional para Jesus e pela comunidade, e ouve o convite definitivo do Mestre “Siga-me”. Pedro simboliza a experiência de todo discípulo - o seguimento de Jesus é uma caminhada de uma vida toda, com muitos erros e desvios. Mas, o amor incondicional de Deus é capaz de vencer todas as fraquezas e pecados.
Ser discípulo é um aprendizado permanente - e para que façamos essa caminhada, é necessário que sigamos os passos dos primeiros discípulos - que saibamos com clareza o que procuramos na vida, que busquemos criar comunhão com Jesus e com a sua comunidade, e que gastemos tempo com Ele. Assim teremos a alegria imensa de fazer a grande descoberta da vida, e, como os discípulos, chegarmos a realmente “crer n’Ele” - não de uma maneira teórica e difusa, mas através de uma experiência real do Deus da vida, encarnado em Jesus de Nazaré.

Salmo 39/40

Eu disse: “Eis que venho, Senhor!”
Com prazer faço a vossa vontade.

Esperando, esperei no Senhor
e, inclinando-se, ouviu meu clamor.
Canto novo ele pôs em meus lábios,
um poema em louvor ao Senhor.

Eu disse: “Eis que venho, Senhor!”
Com prazer faço a vossa vontade.

Sacrifício e oblação não quisestes,
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,
holocaustos por nossos pecados.

Eu disse: “Eis que venho, Senhor!”
Com prazer faço a vossa vontade.

E então eu vos disse: “Eis que venho!”
Sobre mim está escrito no livro:
“Com prazer faço a vossa vontade,
guardo em meu coração vossa lei!”

Eu disse: “Eis que venho, Senhor!”
Com prazer faço a vossa vontade.

Boas novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembléia;
vós sabeis: não fechei os meus lábios!

Eu disse: “Eis que venho, Senhor!”
Com prazer faço a vossa vontade.





Nenhum comentário:

Postar um comentário