sexta-feira, 16 de março de 2012

3º Domingo da Páscoa - ano B



Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

TERCEIRO DOMINGO DE PÁSCOA - ANO B

Lc 24,35-48

E vocês são testemunhas disso.


Oração do dia

Ó Deus, que o vosso povo sempre exulte pela sua renovação espiritual, para que, tendo recuperado agora com alegria a condição de filhos de Deus, espere com plena confiança o dia da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (Lucas 24,35-48)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. 
24,35 Os dois discípulos, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. 36 Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!” 37 Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. 38 Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? 39 Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”. 40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42 Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado. 43 Ele tomou e comeu à vista deles. 44 Depois lhes disse: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”. 45 Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: 46 “Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. 47 E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas de tudo isso”.
Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO


O evangelho de hoje é a segunda parte do capítulo 24 de Lucas, que relata primeiro a história das mulheres diante do túmulo de Jesus, e agora o incidente do encontro de Jesus Ressuscitado com os dois discípulos na estrada de Emaús. Devemos recordar que Lucas estava escrevendo a sua obra em vista dos problemas da sua comunidade pelo ano 85 d.C. Já não estamos mais com a primeira geração de discípulos - já se passou mais de meio século desde os eventos pascais. A comunidade já está vacilando na sua fé - as perseguições estão no horizonte, ou até acontecendo; o primeiro entusiasmo diminuiu, os membros estão cansados da caminhada e perdendo de vista a mensagem vitoriosa da Páscoa. Parece que é mais forte a morte do que a vida, a opressão do que a libertação, o pecado do que a graça.

Neste cenário, Lucas escreve este capítulo. Traz uma mensagem de ânimo e coragem aos desanimados e vacilantes da sua época - e da nossa! Para as mulheres, os dois anjos perguntam “por que estão procurando entre os mortos aquele que está vivo?” E afirmam: “Ele não está aqui! Ressuscitou!” Mensagem atual para os nossos tempos - diante da péssima situação de tantas pessoas que enfrentam a dura luta pela sobrevivência, com desemprego, baixo salário, falta de terra e moradia, uma herança de décadas de descaso dos governantes com a saúde pública e a educação, é muito fácil perder a esperança e a coragem. Como a Campanha da Fraternidade recente quis animar os cristãos na luta para que todos tenham uma vida digna, vencendo a apatia e a passividade, o nosso texto quer nos lembrar que Jesus venceu o mal, não foi derrotado pela morte, e está no meio de nós!
Os dois discípulos no caminho de Emaús são imagem viva da comunidade lucana - e de muitas hoje! Já sabem do túmulo vazio, mas estão desanimados, desiludidos, sem forças - pois ainda não fizeram a experiência da presença de Jesus Ressuscitado. Pois, a nossa fé não se baseia no túmulo vazio, mas pelo contrário, a nossa experiência do Ressuscitado explica porque ele ficou vazio. Os dois só fazem esta experiência quando partilham o pão! A Escritura fez com que os seus corações “ardessem pelo caminho” (v. 32), mas não lhes abriu os olhos - para isso era necessário formar uma comunidade celebrativa de fé e partilha: “contaram... como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão” (v. 35).
Finalmente, o grupo dos discípulos reunidos em Jerusalém é símbolo das comunidades confusas e vacilantes. Tinham dificuldade em acreditar - pois a mensagem da Ressurreição é realmente espantosa! Mas, uma vez feita essa experiência, eles se transformam e se tornam testemunhas vivas do que sentiram, experimentaram e vivenciaram: “E vocês são testemunhas disso” (v. 48). Um grupo de derrotados, desesperançados e desunidos (vv. 20-21) se transformam num grupo de missionários corajosos e convictos, assumindo a tarefa de anunciar “no seu nome a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações” (v. 47).
    Nos dias de hoje, quando muitos cristãos se desanimam, ou restringem a sua fé à esfera particular, sem que tenha qualquer influência sobre a sua vivência social, a mensagem de Lucas nos convida a redescobrirmos a realidade da presença do Ressuscitado entre nós. Mas, essa experiência não serve somente para o nosso consolo pessoal - somos comandados a imitar os dois de Emaús, que, feita a experiência do Ressuscitado, “levantaram na mesma hora e voltaram para Jerusalém” (v. 33). Pois, a nossa experiência religiosa não é algo intimista e individualista, mas algo que nos deve propulsionar para a missão, para a construção de um mundo conforme a vontade de Deus, um mundo de justiça, paz e integridade da criação, sem excluídos e marginalizados, sob qualquer pretexto que seja!


Salmo responsorial 4

Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!

Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça!
Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição,
atendei-me por piedade e escutai minha oração!

Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!

Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo
e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece!

Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!

Muitos há que se perguntam: “Quem nos dá felicidade?”
Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!

Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!

Eu tranquilo vou deitar-me e na paz logo adormeço,
pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida!

Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!





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