Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
TRIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B
Mc 13, 24-32
“O céu e a terra
passarão, mas as minhas palavras não passarão”
Oração do dia
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos
servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa servindo a vós, o
criador de todas as coisas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo.
Evangelho (Marcos 13,24-32)
Proclamação do Evangelho
de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, 13,24 disse Jesus a seus discípulos:
“Naqueles dias, depois dessa tribulação, o sol se escurecerá, a lua não dará o
seu resplendor;
25 cairão os astros do céu
e as forças que estão no céu serão abaladas.
26 Então verão o Filho do
homem voltar sobre as nuvens com grande poder e glória.
27 Ele enviará os anjos, e
reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade da terra até
a extremidade do céu.
28 Compreendei por uma
comparação tirada da figueira. Quando os seus ramos vão ficando tenros e brotam
as folhas, sabeis que está perto o verão.
29 Assim também quando
virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está próximo, às
portas.
30 Em verdade vos digo: não
passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
31 Passarão o céu e a
terra, mas as minhas palavras não passarão.
32 A respeito, porém,
daquele dia ou daquela hora, ninguém o sabe, nem os anjos do céu nem mesmo o
Filho, mas somente o Pai”.
Palavra da
Salvação.
Comentário ao Evangelho
O
texto de hoje nos apresenta diversas dificuldades de interpretação, pois, está
saturado com conceitos apocalípticos, referências veladas a possíveis eventos
históricos e referências tiradas de escritos do tempo do Antigo Testamento,
muitas dos quais desconhecidos por nós. Porém, a sua mensagem central fica
clara - o triunfo final do Filho do Homem, mandado por Deus para estabelecer o
seu Reino. A linguagem vetero-testamentária de sinais cósmicos, a figura do
Filho do Homem e a reunião dos eleitos de Deus são unidas em um contexto novo,
em que a vinda escatalógica de Jesus como Filho do Homem se torna o evento
central. A sua vinda gloriosa no fim dos tempos servirá como prova da vitória
de Deus - e a expectativa desta chegada serve como base da vigilância paciente
que é recomendada aos discípulos ao longo de todo o Discurso Escatalógico de
Marcos.
Os
sinais cósmicos que antecederão o fim fazem referência a textos do Antigo
Testamento: Is 13, 10, Ez 32, 7; Am 8, 9; Jl 2, 10.31; 3, 1-5; Is 34, 4; Ag 2, 6.21.
Mas, em nenhum lugar no Antigo Testamento se referem à vinda do Filho do Homem -
é uma novidade do Evangelho. A lista desses sinais é uma maneira de dizer que
toda a citação assinalará a sua vinda final. A descrição da chegada do Filho do
Homem, rodeado das nuvens, é tirada do livro de Daniel 7, 13, mas, aqui se
refere claramente a Jesus e não à figura angélica “em forma humana” do livro
apocalíptico de Daniel. A ação de Jesus em reunir os eleitos é o oposto de Zc
2, 10. Este reunir-se dos eleitos do seu povo por parte de Deus se encontra em
Dt 30, 4; Is 11, 11.16; 27,12. Ez 39, 7 etc. - mas nunca no Antigo Testamento é
o Filho do Homem que faz esse trabalho.
A
segunda parte do texto consiste em uma parábola (vv. 28-29), um ditado sobre a
hora do fim (v. 30), sobre a autoridade de Jesus ( v. 31) e de novo sobre a
hora (v. 32). “Nem sempre fica claro a que se refere - o que se fala sobre
essas coisas” acontecerem “nessa geração” tem como contrabalanço o v. 32 que
diz que somente Deus sabe a hora exata. A parábola sobre os sinais claros da
chegada do fim (vv. 28-29) tem em contraposição a parábola da vigilância
constante (vv. 33-37). Mas, continua clara a mensagem básica - a vitória final
do projeto de Deus, concretizada através de Jesus, o Filho do Homem. Mas, a
certeza dessa vitória não dispensa a atitude de vigilância constante por parte
dos discípulos, para que não se desviem do caminho.
Pode
parecer confuso o nosso texto - e para nós hoje, de uma certa forma o é. Mas,
inserido no contexto do Discurso Escatalógico (referente aos tempos finais) do
Evangelho, nos traz uma mensagem de esperança e uma advertência. A esperança
nasce do fato de que a vitória de Deus é garantida - um elemento fundamental em
todo apocaliptismo. A advertência está na necessidade de vigilância constante,
para que não percamos a hora do Filho. Em um mundo de desesperança e falta de
ânimo por parte de muitos, o texto convida-nos, os discípulos, à uma atitude
positiva que nos leva a um engajamento maior em prol da construção do Reino
entre nós. Mas, também nos desafia para que estejamos sempre vigilantes para
não sermos cooptados pela sociedade vigente, opressora e consumista, que muitas
vezes se baseia em princípios contrários aos do Reino de Deus. As palavras de
Jesus têm um valor permanente, para que possamos julgar as diversas propostas
de vida que o mundo nos apresenta. “O céu a terra passarão, mas as minhas
palavras não passarão”.
Salmo 15/16
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,
meu destino está seguro em vossas mãos!
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,
pois, se o tenho a meu lado, não vacilo.
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
Eis por que meu coração está em festa,
minha alma rejubila de alegria
e até meu corpo no repouso está tranqüilo;
pois não haveis de me deixar entregue à morte
nem vosso amigo conhecer a corrupção.
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
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